Vestuário e Moda_FEMININO
(1801-1820)_Século XIX
No início do
século XIX, o traje feminino foi muito reduzido em termos de quantidade de
roupas. Consequência do abandono de anquinhas e espartilhos do final do século
XVIII. As mulheres começaram a usar um robe en chemise (vestido de cintura
alta, até os pés, de musseline, cambraia ou morim), que veio a ser conhecido
posteriormente como vestido Império, conforme a figura 04. Esse foi o estilo
usado ao longo de toda a República.
Talvez em
nenhuma outra época entre os tempos primitivos e a década de 1920, as mulheres
tenham usado tão pouca roupa como no início do século XIX. Todos os trajes
pareciam ter sido criados para climas tropicais (...) (LAVER, 2008, p.155).
Esse efeito
“clássico”, com ênfase na linha vertical, que pôde ser observado no vestuário,
durou somente de 1800 a 1803. Nos três anos seguintes, houve uma influência egípcia.
Depois da Guerra de Sucessão espanhola, os adornos espanhóis foram impostos,
devido ao grande interesse por tudo que acontecia ou vinha da Espanha.
A natureza,
além de influenciar movimentos artísticos como o Neoclassicismo, influenciou
também o vestuário da época. O uso de peles e plumas ficou cada vez mais comum
e havia um grande fascínio pelas plantas, conforme a figura 05. Os bordados com
desenhos de flores e folhas eram um dos ornamentos mais comuns nos trajes dos
homens e das mulheres ao longo de todo o século.
Algumas
modificações foram surgindo, como o decote, que se tornou cada vez mais baixo,
e a cintura que se aproximou mais do busto, conforme a figura 05. As mangas
eram curtas ou muitas vezes nem existiam, e a cauda ficou cada vez mais
comprida. Esse vestido foi mudando de aspecto quando se acrescentou um corpete
chamado de le corsage. Com a reintrodução do corpete
separado, o vestido logo passou a ter menos pregas. Estas ficavam nas costas, o
que dava ao traje todo um aspecto inteiramente diferente.
A moda logo
instituiu um vestido sem pregas, e por volta de 1807 os vestidos eram tão
justos que mal se conseguia andar com eles (KOHLER, 2005, p.486). Este tipo de
modelagem permaneceu no domínio até depois de 1820, mas a partir de 1812 o
decote foi ficando cada vez mais alto. As mangas curtas deixaram de ser
essenciais mais ou menos na mesma época em que os decotes baixos, as favoritas
eram abertas, presas com botões ou pregueadas. Por volta de 1808, foram
introduzidas golas que ameaçaram a popularidade do decote baixo, mas o Império
Napoleônico não deixou que este último se propagasse, mostrando assim a grande
influência que ele exercia, inclusive na moda.
No início do
século XIX, por volta de 1810, começaram a surgir os adornos nas roupas.
Retomou-se o emprego de rendas, babados, e o próprio tecido passou a ser usado
para a criação de ornamentos em forma de babados e listras diagonais. Havia
nessa época uma verdadeira paixão pelos xales e mantas. Eram peças que não
podiam faltar no guarda-roupa feminino, e saber usá-los com graça era a marca
da mulher elegante. Eram usados para aquecer o corpo também, mas predominava o
uso pela ostentação. Ficaram em moda também os grandes xales retangulares,
feitos de tafetá, musseline ou crepe, semelhantes às clâmides gregas, conforme
a figura 06.
Em 1814, muitas mulheres inglesas foram a Paris, após
a primeira abdicação de Napoleão, e descobriram que a moda francesa estava
muito diferente da inglesa. As francesas ainda usavam o vestido de cintura
alta, mas a saia, em vez de cair reta até o tornozelo, abria-se um pouco na
barra. O vestuário inglês, em contraponto, estava adquirindo um ar romântico,
com elementos elisabetanos, como por exemplo, mangas fofas. Como consequência
disso, as mulheres inglesas, abandonaram sua moda e adotaram a francesa.
Aconteceu o oposto com os trajes masculinos. A influência inglesa no vestuário
masculino já era muito significativa desde o final do século XVIII, e nesse
momento os franceses aceitavam o traje inglês plenamente
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